Fortaleza é a cidade que mais mata adolescentes no Brasil, aponta Unicef

05/06/17 21:00

O Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência lançou, na manhã desta segunda-feira (05/06), o relatório “Trajetórias Interrompidas – Homicídios na adolescência em Fortaleza e em seis municípios do Ceará”, desenvolvido pelo Colegiado. Também foi apresentado o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), de 2014, desenvolvido pelo Fundo das Nações para a Infância (Unicef), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Governo Federal.

Esse estudo apontou que Ceará e Fortaleza lideraram a expectativa de homicídios de jovens entre 12 e 18 anos até 2021 - a partir de dados coletados em 2014. O Estado possuía uma perspectiva de alcançar 8,71 mortes por mil adolescentes. Já Fortaleza foi a capital com maior taxa - 10,94 mortes/mil. A média nacional projetada é de 3,65 mortes a cada mil jovens em municipios com mais de 100.000 habitantes.

Durante a solenidade, o presidente assinou ato deliberativo que garante a continuidade das atividades do Comitê por mais 18 meses - uma parceria da Assembleia Legislativa com o Governo do Estado e o Unicef. O deputado Renato Roseno (Psol), relator do Comitê, ressaltou que a primeira etapa foi finalizada “com um substancial relatório sobre as causas dos homicídios”, além da apresentação de doze recomendações para diminuir a mortalidade juvenil. “Agora estamos iniciando o processo de monitoramento dessas recomendações”, adiantou.

O coordenador do Unicef para Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, Rui Aguiar, informou que, segundo o relatório Trajetórias Interrompidas, 44% das mortes ocorreram em 17 dos 119 bairros de Fortaleza – localizados no oeste e sul da cidade e representando 4% do território. “É como se tivesse uma linha dividindo a cidade em duas”, explicou.

O pesquisador Thiago de Holanda, coordenador da pesquisa de campo do trabalho, disse que o desafio foi dar voz às famílias dos adolescentes vitimados. De acordo com ele, a maioria das vítimas são adolescentes negros, do sexo masculino, moradores da periferia, entre 16 e 18 anos. “O primeiro impacto era a vulnerabilidade, empobrecimento de gerações seguidas, mães jovens, avós jovens e cenário de sofrimento”, explicou.

Participaram ainda do evento a desembargadora Vilauba Fausto Lopes; a representante da Defensoria Pública do Ceará, Michele Caminha, bem como a secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania, Cláudia Vidigal.

Também compareceram os representantes do Unicef, Gary Stahl; do Fórum de Direitos Humanos da Criança e do Adolescente, Márcia Monte; do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Aurilene Vidal, e de outras secretarias de Estado e da sociedade. (Com informações da assessoria de Comunicação da Assembleia Legislativa)

Áreas de atuação: Direitos Humanos, Adolescência