Homenagem a Paulo Freire: a educação contra a desigualdade e a injustiça social

12/12/17 11:54

Na noite da última segunda-feira (11), a Assembleia Legislativa realizou uma sessão solene em homenagem à memória do educador Paulo Freire. O evento foi proposto pelo deputado Renato Roseno (Psol) e subscrito pelo deputado Elmano de Freitas (PT). Na ocasião, foi entregue uma placa comemorativa à viúva do educador, Ana Maria Freire, conhecida como Nita.

A homenagem aconteceu na mesma semana em que Paulo Freire foi confirmado como patrono da educação brasileira. Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado manteve nessa quinta-feira (14) o título dado ao educador, pedagogo e filósofo pernambucano.

De acordo com Renato Roseno, Paulo Freire é o intelectual brasileiro mais lido em todo do mundo. “Ele é reconhecido internacionalmente, e deixou um legado, tanto do ponto de vista de uma pedagogia crítica, quanto de uma reflexão sobre o papel de uma educação libertadora na construção de um novo projeto libertador”, pontuou.

O parlamentar destacou que Paulo Freire tem 41 títulos de honoris causa, sendo o professor brasileiro mais traduzido nas ciências humanas. “Ele se coloca no panteão dos intelecturais que reinterpretaram o Brasil como Darcy Ribeiro, Antônio Cândido e Florestam Fernandes. Ele ofereceu ao Brasil uma leitura em que o País deveria combater a desigualdade e tornar a sociedade mais justa e solidária”, apontou. Renato acrescentou ainda que “se o Brasil quer ser um País mais plural, democrático e justo, tem que querer bem as obras de Paulo Freire”.

O deputado Elmano de Freitas (PT) também reconheceu a trajetória do educador Paulo Freire. “Se há um titulo justo nesse país é Paulo Freire ser o patrono da educação brasileira” pontuou.

A vice-governadora do Estado, professora Izolda Cela, reconheceu a importância do legado do educador Paulo Freire para o Brasil e o mundo. Ela disse que ele se projetou, foi premiado e reconhecido pela sua produção. Izolda ressaltou que o Brasil passa por um momento com riscos de retrocessos. Para ela, é necessário defender valores e verdades consideradas libertadoras. “Paulo tem obras universais, promove uma sociedade mais justa, sem diferenciação. Nós temos a obrigação de renovar e preservarmos os valores criados por Paulo Freire”, defendeu.

O secretário de Educação do Estado, Idilvan Alencar, disse que a homenagem é um momento afirmativo das pessoas que acreditam em uma escola crítica e que no Ceará existem escolas, espaço e reflexão na construção crítica. “Nesse contexto conservador que atravessa o pais, não podemos deixar que aconteçam retrocessos no Ceará. Não aceitamos o cerceamento, não vamos nos calar”, disse.

Fabiano Piúba, secretário de Educação do Estado, lembrou também a educadora Luiza Teodoro Vieira, falecida no mês de setembro. Segundo ele, foi em sala de aula ministrada por ela, que teve a oportunidade de conhecer a obra de Paulo Freire. Para ele, a professora Luiza levava para a sala de aula, um sentimento de amor. Fabiano afirmou que o caminho para a transformação é a educação. “Educar é libertar, é transformar, e a cultura é um direito fundamental”, acrescentou.

Lourdes Vicente, do setor de educação do Movimento Sem Terra (MST), ressaltou que a homenagem foi à oportunidade de reaver a memória e usufruir as utopias do educador. “A melhor forma de homenagear Paulo Freire é viver Paulo Freire. O legado dele ensina que não podemos deixar de se indignar com a injustiça e não podemos também deixar a esperança morrer, na conjuntura do golpe, apropriar do legado e Paulo Freire é essencial”, destacou.

A viúva do educador, Ana Maria Freire, conhecida como Nita, disse ter ficado honrada com a homenagem feita a Paulo Freire. Para ela, a ocasião foi de confraternização e de reconhecimento ao professor. Ela afirmou ainda que as homenagens realizadas pelo poder público e por entidades acadêmicas são fundamentais para a continuação das obras de Paulo Freire. E revelou que as ideias de Paulo Freire são inspiradas no Brasil, sobretudo em Pernambuco, seu estado natal.

Pernambucano, natural de Recife, Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921. Em 1946, o educador foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social do estado de Pernambuco. O professor recebeu vários prêmios, entre eles, o prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento, em 1980, na Bélgica; o prêmio Unesco da Educação para Paz em 1986, e o prêmio Andrés Bello, da Organização dos Estados Americanos, como educador do continente, em 1992. O educador morreu em 2 de maio de 1997, em São Paulo. (Texto: assessoria de comunicação da Assembleia Legislativa / Foto: Lucas Moreira)

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