1 de maio: a classe trabalhadora resiste à pandemia e luta contra Bolsonaro

01/05/20 00:00

Este é um 1 de maio atípico. A data, que é sempre comemorada em grandes eventos e grandes manifestações da classe trabalhadora, este ano está sendo celebrada de forma virtual, o que não diminui, contudo, sua importância e sua urgência. Devemos hoje fazer nossa saudação à classe que vive do seu trabalho, que é quem produz a riqueza do mundo, mas não se beneficia da riqueza que ela própria produz. No meio dessa crise planetária do coronavírus, estamos vendo isso com ainda mais clareza.

Quem está segurando, no meio da pandemia, os serviços essenciais? É justamente a classe trabalhadora: os agentes de limpeza urbana, os produtores de alimentos, aqueles e aquelas que permitem a logística dos insumos sanitários, os trabalhadores e trabalhadoras da saúde e outros tantos homens e mulheres dos mais diversos ramos e expressões. Por isso, é tão importante quanto a gente reconhecer e agradecer é compreender que, nesse sistema, a classe trabalhadora está sob ataque todo tempo. Seja por conta da exploração, seja por conta, mais recentemente da desregulamentação do trabalho e da destruição dos direitos trabalhistas.

A crise da pandemia está nos colocando diante da pergunta para que mundo queremos retornar após todo esse isolamento e todo quadro difícil em termos de saúde pública. A verdade é que não retornaremos ao mundo “normal” que vivíamos antes da crise, porque o que vivíamos antes do Covid-19 foi justamente o que nos levou a esse estado de calamidade e a essa permanente emergência: degradação ambiental, exclusão social, concentração de renda, destruição de direitos etc.

O (des)governo fascista de Bolsonaro e Guedes já mostrou que não tem nenhum compromisso com a vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Pelo contrário, estão usando a pandemia para fazer chantagem e retirar direitos da classe trabalhadora. Em vez de promover uma agenda de proteção social e tributação de grandes fortunas, o governo federal tem perseguido os trabalhadores, tanto da iniciativa privada quanto do setor público, retirando direitos, retirando investimentos em saúde e educação e usando a pandemia como justificativa. Exemplo disso foi a Medida Provisória 927, que autorizou corte de salários e redução de direitos trabalhistas.

Levantamento do Banco Mundial projeta que 5,4 milhões de brasileiros devem entrar na extrema pobreza este ano por conta da pandemia de coronavírus. A instituição também prevê retração de 5% no Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2020, a maior em 120 anos. Os impactos no Nordeste serão ainda mais sensíveis - só no Ceará já são mais de um milhão de pessoas vivendo na extrema pobreza.

Para responder a esse cenário, ao contrário de sacrificar ainda mais os trabalhadores e os direitos trabalhistas, o Brasil vai ter de promover uma alteração profunda da macroeconomia; realizar uma reforma tributária progressiva que tribute mais os mais ricos e que consiga desonerar o orçamento doméstico dos mais pobres; e fortalecer o estado social, em particular, a saúde pública e a assistência social. E uma tarefa urgente nesse sentido é estancar Bolsonaro. Ele tem de ser impedido de dar continuidade a esse (des)governo de ódio, exclusão e morte.

Em especial nesse 1 de maio, mas também em todas as demais datas do ano, renovamos nosso reconhecimento e nosso agradecimento aos homens e mulheres que seguem produzindo riqueza e, ao mesmo tempo, lutando por um mundo mais justo e fraterno. (Texto: Felipe Araújo / Foto: Reprodução)

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