Na última sexta-feira (19), o presidente Donald Trump anunciou, por meio do seu Departamento de Guerra, que reportagens que tratem de assuntos relacionados ao Pentágono, baseados em documentos confidenciais ou mesmo em dados públicos, deverão passar por análise prévia do governo.
A instituição de censura prévia por parte dos EUA em relação a seus veículos de imprensa é apenas mais um degrau na escalada autoritária do presidente norte-americano e da extrema-direita no mundo. E também reforça que o grande objetivo de Trump e seus apoiadores é implodir o estado democrático, fazendo as instituições se dobrarem a seus interesses.
Além da mordaça aos órgãos de imprensa, nos últimos dias, Trump assinou ordem executiva que classifica os movimentos antifascistas como organização "terrorista", ameaçou revogar as concessões de emissoras de televisão que façam críticas contra sua gestão e processou grandes jornais com ações de valores extravagantes - sempre como forma de intimidação. Numa ação contra o jornal The New York Times, por exemplo, Trump pediu US$ 15 bilhões (R$ 79,9 bilhões) por difamação e calúnia.
Na Primeira Emenda da Constituição dos EUA está previsto que "o Congresso não fará nenhuma lei que restrinja a liberdade de expressão ou de imprensa”. No imaginário do neofascismo trumpista, no entanto, esse conceito é distorcido e se presta apenas para uma agenda de erosão de valores humanistas e de ataques às liberdades democráticas, entre elas a efetiva liberdade de imprensa.
Desonesto e cínico, Trump e seus apoiadores, incluindo os bolsonaristas no Brasil, fazem malabarismo retórico para tentar se vender como defensores da “liberdade de expressão”. Mas essa “liberdade”, para eles, porém, só deve contemplar falas racistas, homofóbicas, nazistas e outros discursos criminosos, em particular nas redes sociais.
No trato com a imprensa profissional, assim também como com as universidades, com os artistas e com as vozes que se levantam contra seu governo, a conversa é bem diferente. A extrema-direita quer a implantação de autocracias truculentas e arbitrárias, que sufocam a diversidade e o debate público e que, por isso, temem tanto o conhecimento, a ciência, as artes... e o jornalismo.