CNBB presta solidariedade ao assentamento Zé Maria do Tomé

17/05/17 13:00

Em nota divulgada na manhã desta quarta-feira, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifestou solidariedade ao acampamento Zé Maria do Tomé, em Limoeiro do Norte, cujos moradores estão ameaçados de despejo. A nota é assinada por Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, arcebispo metropolitano de Fortaleza e presidente da Regional Nordeste 1 da CNBB; Dom Ângelo Pignoli, bispo da Diocese de Quixadá; e Dom Antonio Roberto Cavuto, bispo da Diocese de Itapipoca. O documento representa um gesto de apoio da instituição a Dom José Haring, bispo de Limoeiro do Norte, que, no mês passado, já havia se colocado ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras do assentamento.

O acampamento Zé Maria do Tomé leva o nome do agricultor e ambientalista assassinado em 2010, com mais de 20 tiros, por conta de seu envolvimento na luta contra a pulverização aérea de agrotóxicos na região. A ocupação aconteceu no dia 5 de maio de 2014, quando centenas de famílias da Chapada do Apodi, organizadas pelo Movimento dos Sem Terra e com apoio da Diocese e de várias entidades e organizações sociais, ocuparam uma área do perímetro irrigado Jaguaribe-Apodi, pertencente ao DNOCS. Uma decisão da Justiça Federal, assinada pelo juiz da 15a. Vara Federal, Bernardo Lima Vasconcelos, estabeleceu, a pedido do DNOCS, o último dia 15 de maio como prazo final para a reintegração de posse. A data foi adiada para o próximo dia 8 de junho.

A nota define os moradores do assentamento como “famílias que lutam por terra e água para trabalhar, sustentar seus filhos e ter uma vida digna”. “Com a reintegração de posse se rompe todo esse processo e ne nega às famílias o sagrado de viverem com dignidade”, diz o documento. A confederação faz um apelo ao diretor geral do DNOCS, Angelo José de Negreiros Guerra, para que retire o pedido de reintegração de posse e que retome o diálogo com as famílias acampadas como forma de buscar uma saída para o conflito e evitar o risco de derramamento de sangue, garantindo o direito à terra, à água e à produção para essas famílias. Os religiosos também fazem uma apelo ao governador Camilo Santana (PT) para que faça uma mediação junto ao governo federal.

“Conclamamos os cristãos e as pessoas de boa vontade a se solidarizarem com essas famílias na luta pelos seus direitos, ajudando, assim, a construir uma sociedade mais justa e fraterna – sinal do reinado de Deus neste mundo", diz a nota. (Texto: Felipe Araújo / Foto: Frida Popp)

Áreas de atuação: Direitos Humanos