Golpismo: condenação de Bolsonaro e aliados quebra tradição de impunidade

12/09/25 12:00

“Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova”. A frase de Gandhi ajuda a iluminar o dia histórico vivido pelo Brasil. Ontem, pela primeira vez, nosso país decidiu não repetir uma história marcada pelo autoritarismo e pela violência, decidiu interromper a tradição de impunidade crônica de golpistas e sabotadores da democracia.

Jair Bolsonaro e e seus cúmplices foram condenados pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Por 4 votos a 1, os ministros condenaram o ex-presidente e mais sete aliados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Bolsonaro era acusado de liderar uma trama para permanecer no poder após as eleições de 2022. É a primeira vez na história do país que um ex-presidente é punido por esses crimes. A maioria dos réus foi condenada a mais de 20 anos de prisão em regime fechado. No caso de Bolsonaro, a pena foi de 27 anos e três meses de prisão em regime fechado, além do pagamento de 124 dias-multa, cada um no valor de dois salários mínimos.

No último século, o Brasil passou por pelo menos nove golpes de estado, entre tentativas e golpes consumados. Em nenhuma delas, os responsáveis chegaram ao banco dos réus. Finalmente. aqueles que atentaram contra a democracia, num julgamento com farto conjunto probatório, seguindo todas as regras democráticas, com transparência e amplo direito de defesa, vão agora ser responsabilizados por seus crimes.

Oxalá nosso 11 de setembro possa representar o anúncio de uma nova vocação para nosso país, uma nova história cujo marco inicial foi a condenação, inédita, de um ex-presidente e de militares de alta patente por crimes contra a ordem democrática. No lugar de tenebrosos acordos de elite, o devido processo legal. No lugar da anistia, a condenação. No lugar do arbítrio, a justiça!

Como bem lembrou a ministra Camen Lúcia, o julgamento de Bolsonaro e seus cúmplices no STF representou um encontro do Brasil com seu passado, com seu presente e com seu futuro. De fato, eis a grandeza histórica do que assistimos ontem: a superação de um passado autoritário; a redenção de um presente atravessado por ameaças e retrocessos; e a afirmação de esperança no futuro da nossa democracia.

Áreas de atuação: Justiça, Democracia