A inclusão do “Mada-Afro”, evento cultural e religioso do Sertão Central, no Calendário Oficial de Eventos e Datas Comemorativas do Estado do Ceará foi aprovada, nesta quarta-feira (27), pelo plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). O projeto de lei 427/2025, de autoria do deputado Renato Roseno (Psol), busca reconhecer a manifestação, que é realizada anualmente no dia 15 de novembro no município de Madalena.
O “Mada-Afro” é organizado pelas lideranças Pai Josimar de Tranca-Ruas e Mãe Aila de Maria Padilha, ambos fundadores da Associação Beneficente, Cultural e Religiosa Afro-Brasileira do Ceará (ABECRA). Tal organização da sociedade civil é entidade reconhecida como de utilidade pública estadual, por decorrência da Lei nº 19.033, de 11 de setembro de 2024, por iniciativa de nosso mandato.
O evento foi criado em enfrentamento ao racismo religioso e a consolidação, reconhecimento e valorização das manifestações históricas e culturais afro-brasileiras. De acordo com Gabriel Karão Jaguaribaras (Gabriel Freitas de Sousa), que estudou o evento, se trata de um espaço relevante “na luta dos povos de terreiro do sertão central cearense, além de fortalecer a identidade cultural e as religiões afro-brasileiras e afro-indígenas no estado do Ceará”.
Origem
O “Mada-Afro” surge após a realização do festejo tradicional denominado “Festa dos Mestres e dos Encantados”, organizado pela Mãe de Santo Maria Crispim em seu terreiro desde 1971, no município de Madalena, segundo Gabriel Karão. Recentemente, a Festa contou com a adesão de diversos terreiros dos municípios de Madalena, Itatira, Boa Viagem e Quixeramobim.
O pesquisador enxerga seu surgimento como expressão da resistência dos povos de terreiro, tendo em vista a prática reiterada na sociedade brasileira e cearense de atos de intolerância religiosa e racismo estrutural. O evento busca, portanto, o “fortalecimento das práticas ancestrais e uma inserção no cenário político e cultural, não só do município de Madalena, mas do Sertão Central”, percebe Gabriel.
Em 2024, o evento ocorreu no dia 15 de novembro, em alusão ao Dia Nacional da Umbanda, precisamente na Praça da Igreja Matriz de Madalena, do qual participaram o Coletivo Afro-Cultural Ibilé, pais e mães de santo do Candomblé e da Umbanda, grupos de capoeira, dentre outros sujeitos sociais. Sua programação contou com apresentações do grupo “Capoeira é Vida – Grupo Negação de Madalena”, do Mestre John da Capoeira, e do Grupo Cultural Batuque de Terreiro Umbandaê, além da Caravana Cultural de Fortaleza, liderada pelo Mestre Marcelo.
