Injustiça hídrica é marca do modelo cearense, denuncia Renato

21/08/17 08:00

Em relação à política de recursos hídricos, o modelo adotado pelo governo do Ceará é marcado pela injustiça e chegou ao limite da irresponsabilidade. Às vésperas do período mais difícil do ano para o sertanejo - os meses de setembro, outubro e novembro, quando a estiagem se revela mais severa - e com nossos reservatórios com apenas 11% do total da capacidade, o Estado continua priorizando e apoiando empreendimentos hidrointensivos, enquanto a população segue recebendo apenas projetos e soluções mambembes e paliativos.

A denúncia foi feita por Renato Roseno durante pronunciamento no plenário da AL na última quarta-feira, 16. De acordo com o parlamentar, em vez de garantir a segurança hídrica das populações mais carentes do sertão, o Estado estabeleceu como prioridade a segurança hídrica de grandes empreendimentos econômicos “consumidores vorazes de água". “Nosso modelo de gestão hídrica não olha para a frente, apenas para trás”, afirmou. Na última semana, o governo começou a tirar água de 35 poços das comunidades no entorno do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, para garantir 200 litros por segundo para a indústria. “A população está revoltada com esse roubo da água, na véspera do período de maior escassez do ano”, reforçou o deputado.

Também na manhã de quarta-feira, o secretário de recursos hídricos do Estado Francisco Teixeira visitou a Assembleia Legislativa. Ao lado do presidente da Cagece, do titular da Sohidra e do presidente da Funceme, Teixeira fez uma apresentação da situação dos reservatórios cearenses e projetou cenários para 2018. Durante a apresentação, Renato levantou questões como a qualidade da água dos reservatórios cearenses, muitos deles já em estado avançado de eutrofização, que compromete o consumo humano; as ajudas “robustas” concedidas pelo Governo do Estado aos grandes empreendimentos econômicos, como a garantia de segurança hídrica a empreendimentos como o Complexo Industrial e Portuário do Pecém; e a geração de energia solar como meio alternativo de produção energética visando à economia de água.

“Quando se gasta energia, gasta-se água. As pessoas, muitas vezes, não fazem essa relação”, acrescentou Renato, lembrou também que já apresentou quatro propostas visando garantir isenção da microprodução de energia solar “e, nas quatro tentativas, foi vencido no voto no Plenário”. A situação, segundo o parlamentar, é bastante preocupante caso não se altere profundamente o modelo de gestão hídrica. “Não se trata de oposição ou situação. Trata-se da responsabilidade que as atuais gerações têm de deixar um modelo econômico para que seus filhos e netos não vivam uma calamidade como a que vivemos atualmente”, ponderou.

Confira pronunciamento de Renato Roseno sobre a crise hídrica no Estado: http://bit.ly/2wgOR64

Áreas de atuação: Recursos hídricos, Agricultura