Mobilização Mundial pelo Clima: Ceará quer direito à água e fim dos agrotóxicos e da queima de petróleo e carvão

30/11/15 09:42

Manifestantes expõem faixas durante Mobilização Mundial pelo Clima, em caminhada pela Avenida Beira Mar

Mudar o clima local, salvar o clima global. Mude o sistema, não mude o clima. Xô, agrotóxicos; xô, transgênicos! Petróleo? Carvão? Deixa no chão! Índios anacé, protetores da natureza e do clima. A saída é o ecossocialismo, abaixo o capital. Fórum Comunitário de Aracati unindo as comunidades. Crateús na Mobilização Mundial pelo Clima.

Foi assim, em faixas, cartazes, camisetas e vozes, que centenas de pessoas da Capital, Região Metropolitana e Interior do Ceará se reuniram na tarde desse domingo, 29 de novembro, na Mobilização Mundial pelo Clima. Depois da concentração na Praça Almirante Saldanha, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, os manifestantes seguiram em caminhada pela Avenida Beira Mar até o Anfiteatro Flávio Ponte, também conhecido como Anfiteatro da Volta da Jurema, onde o ato foi encerrado com show cultural.

A mobilização local foi realizada um dia antes do início da Conferência do Clima, nesta segunda-feira, 30 de novembro, em Paris. Também chamada COP21 - 21ª Conferência das Partes, a Conferência do Clima deve reunir mais de 190 chefes de Estado na capital da França até 11 de dezembro, na tentativa de firmar um compromisso global com peso de lei para manter o aquecimento do planeta abaixo de 2°C até 2100 e instituir medidas efetivas de enfrentamento à crise ambiental.

"As mudanças climáticas estão aí e suas consequências estão se mostrando mais graves do que previam os cientistas", aponta o Fórum Ceará no Clima. Os efeitos locais das mudanças climáticas globais já podem ser sentidos. "Secas cada vez mais prolongadas, afetando não apenas o sertão, mas ameaçando o abastecimento de água nas cidades; ondas de calor; elevação do nível dos mares já desalojando comunidades tradicionais do nosso litoral etc", lista o Fórum Ceará no Clima, que reúne pessoas dos mais variados segmentos, do Interior e Capital - estudantes, professores, cientistas, ativistas do movimento ambiental.

As causas do desequilíbrio ambiental não são naturais. "O aquecimento global é provocado pelas excessivas emissões de gases de efeito estufa (principalmente CO2) a partir da queima de petróleo, carvão e gás, do desmatamento e de práticas agrícolas insustentáveis. Os governos não têm tomado as medidas necessárias para conter esse processo, preferindo não mexer nos interesses poderosos da indústria do petróleo, das empresas de energia, do agronegócio e das mineradoras. E sem pressão popular, isso não vai mudar", conclui o Fórum Ceará no Clima, convidando à mobilização pelo direito de acesso à água; por energia limpa e acessível; por cidades arborizadas e sem poluição; na defesa dos mares, das florestas e, sobretudo, na luta pelas condições de vida das novas e futuras gerações. "É a vida que está em jogo e ela está acima do lucro".

No Ceará, onde a seca castiga a população pelo quarto ano seguido, mais de 150 municípios estão em situação de emergência pela falta de água. Enquanto isso, o Governo do Estado mantém um desconto de 50% na tarifa de água para a termelétrica do Pecém. A termelétrica, em São Gonçalo do Amarante, consome 6% das águas outorgadas pela Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Cogerh). O que ela gasta com água por segundo é suficiente para abastecer uma cidade de meio milhão de habitantes, o equivalente a quase dois municípios do porte de Juazeiro do Norte. A termelétrica consome em uma hora a água que um cearense utiliza em 75 anos. Além de consumir muito água, utiliza carvão mineral como fonte de energia, o que agrava ainda mais as mudanças climáticas.

Assessores e apoiadores do mandato do deputado estadual Renato Roseno também se integram ao Fórum Ceará no Clima e ajudaram a construir a manifestação nesse domingo, marcando presença no ato. O mandato também participou, no dia 25 de novembro, junto com movimentos sociais e diversas entidades, da audiência pública sobre a Mobilização Mundial do Clima. A atividade foi requerida pela deputada estadual Dra. Silvana, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido, em parceria com o Fórum Ceará no Clima, para debater os impactos das mudanças climáticas.

Áreas de atuação: Meio ambiente, Recursos hídricos