A tragédia ambiental que se abateu sobre a costa nordestina - e que agora também começa a se estender para a região Sudeste -, decorrente do derrame de óleo cru no litoral traz sérias ameaças aos ecossistemas marinhos e também à saúde e à economia das comunidades litorâneas. Potencializada pela inércia e pela irresponsabilidade do governo federal, a poluição já alcançou dezenas de pontos do litoral do Ceará, incluindo regiões de manguezais, áreas imprescindíveis para a vida marinha mas que são de difícil acesso e de limpeza mais complexa. As consequências e os prejuízos ainda são difíceis de ser mensurados.
Mesmo que o óleo tenha sido removido de algumas praias, os ambientalistas e veterinários recomendam que é preciso evitar o contato com a água e a faixa de areia atingida, assim como evitar o consumo de animais marinhos da região atingida. Isso porque o óleo é, na verdade, petróleo bruto, composto por diversas substâncias altamente tóxicas e cancerígenas, como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, que se desprendem do óleo e, mesmo que todo aquele piche que fica visível seja removido, permanecem na água por tempo indeterminado.
A engenheira de pesca Soraya Vanini, assessora do mandato É Tempo de Resistência, identifica outros problemas, para além da contaminação da água e dos pescados. Entre eles, a não existência de um seguro emergencial para pescadores, pescadoras, catadores de caranguejo e marisqueiras; a manifestação de racismo ambiental, na medida em que o trade turístico recebe verbas milionárias enquanto os pescadores não recebem nada; a ausência de monitoramento da saúde da população exposta ao óleo; e a ausência de registros de poluição por parte de autoridades locais, receosas de prejuízo para a imagem do município.
NA ASSSEMBLEIA - A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido da Assembleia Legislativa aprovou, na última quarta-feira (13) dois requerimentos de autoria do deputado estadual Renato Roseno (Psol), solicitando a a realização de audiência pública para debater a situação das praias cearenses atingidas por vazamento de petróleo, e visita técnica da comissão nesses locais. Renato também apresentou requerimento ao plenário pedindo que o governador Camilo Santana, juntamente com os demais governadores do Nordeste, adote as providências necessárias para que seja declarado estado de emergência em saúde pública devido ao derramamento de petróleo que vem atingindo o litoral nordestino. O requerimento voltará a ser discutido na próxima sessão de votação, na semana que vem.
Dica dos ambientalistas e veterinários: evitar banho nas praias atingidas pelo óleo, ainda que estas tenham sido atingidas residualmente (piche, manchinhas pequenas, fragmentos, pelotinhas).
No Ceará
Aqui no Ceará houve ocorrência de óleo nas seguintes praias
Barroquinha: Bitupitá, Praia das Três Bandeiras
Jericoacoara: Praia da Malhada
Paraipaba: Praia da Lagoinha
Paracuru: Praia do Paracuru
São Gonçalo do Amarante: Praia da Taíba
Fortaleza: Praia do Futuro, Sabiaguaba, Cofeco
Aquiraz: Praia da Prainha, Barro Preto
Cascavel: Caponga
Beberibe: Morro Branco, Barra de Sucatinga, Parajuru, Tabubinha e Praia das Fontes
Fortim: Pontal de Maceió
Aracati: Quixaba, Canoa Quebrada e Majorlândia
Icapuí: Ponta Grossa, Melancias, Picos, Barreiras, Redonda e Peroba.