PSOL Ceará promove debate sobre israelenses e palestinos: causas do conflito, histórico e atuais disputas

18/01/16 15:00

Deputado federal Jean Wyllys em frente a um muro branco onde há o grafite de um rosto em preto e branco

Israelenses e palestinos. Quais as causas do conflito, o histórico, as atuais disputas e os posicionamentos internacionais acerca da relação entre os dois povos? Visando ao aprofundamento sobre a questão, o PSOL Ceará promove um debate nesta segunda-feira, 18 de janeiro, a partir das 19 horas, na sede partido em Fortaleza - Av. do Imperador, 1397 - Centro.

O evento terá a participação do pesquisador do Observatório das Nacionalidades da Universidade Federal do Ceará (UFC), Sued Lima; do cientista político e professor da UFC, Jawdat Abu-El-Haj; e da integrante da Frente em Defesa do Povo Palestino, Karine Garcêz. O debate ocorrerá poucos dias depois da viagem do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que provocou muita polêmica.

Jean Wyllys foi a Israel a convite da Universidade Hebraica de Jerusalém para participar do simpósio "Brasil e Israel: desafios sociais e culturais", nos dias 5 e 6 de janeiro. Depois da conferência, ele passou mais cinco dias na região, encontrando parlamentares e intelectuais, tanto em Israel quanto na Palestina. Durante a viagem, ele debateu temas como direitos humanos, diversidade, homofobia e antissemitismo.

"A ida de Jean para Israel contraria a campanha internacional de BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que incentiva a prática de boicote econômico, acadêmico, cultural e político ao Estado de Israel – uma ação de solidariedade ao povo palestino e denúncia da violenta ocupação e colonização de seu território, sobretudo a partir de 1948", observa o PSOL Ceará.

O parlamentar defendeu e justificou a viagem. Ele visitou também campos de refugiados na Cisjordânia e manteve contato com judeus israelenses que se opõem à política do governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e que são solidários ao povo palestino que vive nos territórios ocupados (Cisjordânia e Jerusalém Oriental) e a favor da derrubada do "muro do apartheid" e do reconhecimento do Estado Palestino.

O Muro da Cisjordânia, também chamado "cerca de separação" ou "cerca de segurança" pelo governo israelense, é uma barreira física que está sendo erguida desde 2002 pelo Estado de Israel, passando em torno e por dentro dos territórios palestinos ocupados. A existência e o traçado da construção são contestados sob os aspectos políticos, humanitários e legais. O Tribunal Internacional de Justiça de Haia declarou o muro ilegal em 2004, pois a barreira corta terras palestinas e isola cerca de meio milhão pessoas. Mas Israel não acatou o parecer da corte internacional, e a construção da barreira prossegue. Dois terços do muro, que terá 712 km de extensão, já foram concluídos.

Em uma das crônicas que escreveu sobre a viagem, Jean Wyllys diz que um dos aprendizados mais importantes foi concluir que a esquerda brasileira precisa conhecer Israel e, mais especificamente, precisa muito conhecer a esquerda israelense e interagir com ela. "Muitas pessoas de esquerda no Brasil têm a equivocada impressão de que a sociedade israelense é ideologicamente homogênea e tem uma mesma e única posição em relação ao conflito entre Israel e Palestina e sua história", afirmou.

O deputado federal do PSOL questiona que esta postura não se repita em relação a outros países. "Governos de outros países (inclusive o do nosso) são responsáveis por diferentes violações aos direitos humanos, mas, nesses outros casos, essa parte da esquerda brasileira à qual me refiro não costuma responsabilizar nem estigmatizar as populações desses países em função das violações perpetradas por seus governos. Ora, se, em todos os países (inclusive no nosso), existem contradições na sociedade e esta é composta por uma diversidade política que inclui diferentes movimentos sociais, partidos, organizações da sociedade civil, entidades religiosas, ativistas e políticos, por que, no caso de Israel, seria diferente?".

Para ler o primeiro relato da viagem a Jerusalém, clique aqui. Para ler o segundo relato da viagem a Jerusalém, clique aqui. Para ler o quarto relato da viagem, agora à Palestina, clique aqui. Para ler a quinta crônica da viagem, mais uma vez à Palestina, clique aqui. Para ler a penúltima crônica da viagem, clique aqui. Para ler a última crônica da viagem a Israel/Palestina, clique aqui.

Áreas de atuação: Direitos Humanos