Romaria reafirma luta de Zé Maria do Tomé na Chapada do Apodi

02/05/19 11:28

Em 21 de abril de 2010, o agricultor Zé Maria do Tomé foi assassinado com mais de 20 tiros na cidade de Limoeiro do Norte. O motivo do assassinato foi seu ativismo contra o agronegócio e o uso indiscriminado de agrotóxicos na região da Chapada do Apodi. Desde então, seu nome virou sinônimo de resistência e de luta por justiça social. Anualmente, centenas de pessoas participam da romaria Zé Maria do Tomé, organizada em Limoeiro do Norte pelo movimento M21 e pelas comunidades eclesiais de base, com apoio de diversos setores da sociedade.

Este ano, a romaria aconteceu na última quarta-feira (1), dentro da programação da IX Semana Zé Maria do Tomé, que reuniu uma extensa e diversificada programação de debates e seminários sobre os conflitos socioambientais no Vale do Jaguaribe. O evento é um espaço de reivindicação de justiça hídrica e fundiária e de sensibilização da sociedade para os danos dos agrotóxicos ao meio ambiente e à saúde pública. E é também um momento de clamor por justiça em relação ao assassinato de Zé Maria.

"Desde a época do assassinato, nós acompanhamos com muita preocupação a situação aqui na Chapada do Apodi. Trata-se da região mais nobre do Ceará do ponto de vista da fertilidade do solo, da abundância da água, por isso mesmo ele é muito disputado pelo agronegócio e pelas grandes empresas", afirma o deputado estadual Renato Roseno (PSOL), que esteve em Limoeiro participando da romaria. "Faço questão de vir a todas as romarias para prestar minha solidariedade e também somar minha voz a tantas outras vozes, das pastorais, dos familiares, das comunidades, dos movimentos sociais do campo, do M21. É um evento por justiça no campo e justiça para o Zé Maria".

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Segundo o parlamentar, que é autor da lei que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos no Ceará e que foi batizada com o nome do agricultor, Zé Maria foi assassinado de forma covarde, porque lutava por terra, água e justiça social e ambiental para as agricultores da região. Sua luta, entretanto, não se encerrou com sua morte.

"É uma honra participar da romaria. Nós somos autores de uma lei contra a pulverização aérea de agrotóxicos, a lei 16820, que foi aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa e foi sancionada pelo governador Camilo Santana em janeiro deste ano. Portanto, o Ceará é um estado que baniu a pulverização aérea", explica Renato. "Essa talvez seja a nossa maior e melhor homenagem ao Zé Maria, por isso batizamos essa lei com seu nome. Ele continua vivo na nossa memória e sobretudo na nossa luta por terra e água para os agricultores da Chapada do Apodi". (Fotos: Galba Nogueira)

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