Manifestações em Fortaleza celebram a memória de Marielle e pedem justiça

14/03/19 12:00

Neste dia 14 de março, o dia amanheceu por Marielle. Em diversas cidades do Brasil e do mundo, milhares de pessoas ocuparam as ruas para exigir justiça para ex-vereadora e seu motorista Anderson Gomes, que, há exatamente um ano, foram brutal e covardemente executados quando saíam de uma atividade com mulheres negras na região central da cidade do Rio de Janeiro. Em Fortaleza, as manifestações se concentraram pela manhã, na praça Murilo Borges, no Centro; e à tarde, na praça da Gentilândia, no Benfica, onde foi realizado um ato interreligioso. Somente no Rio de Janeiro, foram mais de 20 manifestações em diferentes locais. No exterior, cidades da América do Sul, EUA, Canadá, Austrália e Europa também promoveram atos em homenagem a Marielle.

"Hoje se completa um ano do trágico assassinato de Marielle e Anderson. Nós estamos ocupando praças e ruas em todo o país para celebrar a memória deles, mas também para exigir uma resposta: quem mandou matar?", comentou o deputado estadual Renato Roseno (PSOL), durante ato no Centro de Fortaleza. "Mataram Marielle porque ela representava tudo o que o poder de plantão não suporta na política: uma parlamentar mulher, negra, favelada, liderança popular, LGBT, ativista dos direitos humanos. Ela dedicou sua vida inteira à luta por justiça social. Apesar de tudo, Marielle vive e é semente de luta e resistência".

Marielle nasceu na Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro. Militante de direitos humanos, começou sua participação no ativismo político quando entrou no cursinho pré-vestibular comunitário e perdeu uma amiga, vítima de bala perdida. Ao lado de Marcelo Freixo, coordenou a atuação da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do RJ. Em 2016, foi eleita vereadora (com 46.052 votos, a quinta mais votada) e presidiu a Comissão da Mulher da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, propondo diversas iniciativas em pouco mais de um ano de mandato. Já Anderson Gomes era da favela da Fazendinha, no Complexo do Alemão, e trabalhava há poucos meses como motorista de Marielle. Tinha um filho de um ano à época do seu assassinato, com sua companheira Ágatha. Morto enquanto trabalhava, Anderson também é um símbolo da crise da segurança pública e da luta por justiça.

Na semana em que se completa um ano do crime, uma operação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público do RJ prendeu duas pessoas apontadas pelas investigações como autoras do assassinato: o sargento reformado da PM Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz (expulso da corporação por envolvimento em corrupção em 2011). Importante passo para a elucidação do assassinato, ainda que tardias, essas prisões não foi solucionam definitivamente o episódio. Ele só será plenamente esclarecido quando forem identificados e devidamente responsabilizados também os mandantes do assassinato, bem como as motivações do crime.

"O covarde assassinato de Marielle foi motivado pela violência política movida pelo ódio que se expande nesse país. E que hoje ocupa espaços importantes na República", afirmou Renato. "As faixas que hoje se espalham por todo o país são símbolos de um tempo. Nós precisamos saber quem mandou matar Marielle. Porque esse crime não foi um crime apenas contra ela e sua família, contra seus amigos e seu partido; mas foi, sobretudo, um crime contra a democracia brasileira, é um crime contra a sociedade brasileira".

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Áreas de atuação: Direitos Humanos, Política