Parlamentares e servidoras manifestam repúdio a postagens misóginas

30/10/18 15:40

"A onda de populismo autoritário no Brasil tem gerado um retorno aos recalques mais machistas de uma sociedade ainda em permanente disputa sobre suas próprias estruturas. Uma parcela da população masculina não consegue conviver com as diferenças e com as demandas da equidade de gênero". Em aparte ao pronunciamento da deputada estadual Augusta Brito (PCdoB) na manhã desta terça-feira (30), o deputado Renato Roseno (PSOL) manifestou seu repúdio às postagens ofensivas feitas por um assessor parlamentar da Assembleia Legislativa contra as mulheres que votaram em Fernando Haddad. Entre outros impropérios, o assessor classificou as eleitoras do candidato petista de "vadias" e "vagabundas".

Em protesto, servidoras da AL e parlamentares manifestaram-se contra as ofensas. Presidente da Procuradoria Especial da Mulher da AL, a deputada Augusta Brito (PCdoB) levou o caso ao plenário e defendeu que esse tipo de atitude não pode virar "modinha". A parlamentar definiu as postagens como uma manifestação "totalmente desrespeitosa a todas as mulheres". "A democracia nos dá a liberdade de pensar diferente, nos dá a liberdade de escolher quem quer que seja", defendeu a deputada, que foi saudada por colegas parlamentares e por dezenas de servidoras que acompanharam seu pronunciamento. "Em nenhum lugar isso seria admissível. Principalmente na Assembleia porque aqui é a casa do povo, é onde se encontram diversos tipos de pensamento e nós temos de respeitar todas as opiniões. Eu não vou admitir jamais que se agrida uma pessoa em função de sua escolha religiosas, de sua escolha sexual, de sua escolha política".

"Nós precisamos dar uma resposta a esse caso para que nós não sigamos o caminho de caos social. Uma sociedade de paz e justiça é uma sociedade em que homens e mulheres vivam de forma livre e igual", comentou Renato Roseno, que elogiou Augusta pelo pronunciamento "corajoso". Após o episódio, o assessor foi desligado do cargo que ocupava na Assembleia. "O direito de liberdade de expressão não pode ser usado para o intolerável. E só há uma coisa que é intolerável, é a intolerância, a desumanidade. Usar as redes sociais para fazer discriminação de gênero, para fazer ataques às mulheres, isso não pode ser defendido como liberdade de expressão", concluiu Renato.

Confira vídeo com trechos do pronunciamento: https://bit.ly/2P1jGWu

Áreas de atuação: Direitos Humanos, Mulheres, Política